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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Governo da Tunísia apresenta projeto de lei de anistia geral

O governo tunisiano de transição anunciou nesta quinta-feira um projeto de lei de anistia geral que apresentará ao Parlamento, informou o ministro de Desenvolvimento Regional Ahmed Nejib Shebi, após uma primeira reunião do conselho de ministros desde a deposição do ditador Zine El Abidine Ben Ali.
"O ministro da Justiça apresentou um projeto de lei de anistia geral, que foi adotado pelo gabinete e enviado ao Parlamento", indicou o ministro Ahmed Nejib Chebbi.

Zohra Bensemra/Reuters
Prisioneiros tunisianos são soltos de prisão perto da capital; governo anuncia anistia geral
Prisioneiros tunisianos são soltos de prisão perto da capital; governo anuncia lei de anistia geral
"O movimento Ennahdha [islamita banido] está incluído na anistia geral", afirmou o ministro da Educação Superior, Ahmed Ibrahim.
Banido pelo regime de Ben Ali, que fugiu para a Arábia Saudita na sexta-feira passada (14), após um mês de protestos contra o governo, o Ennahdha anunciou na terça-feira (18) que pediria sua legalização.
Nesta quinta-feira, a polícia tunisiana fez disparos para o alto na quinta-feira na tentativa de dispersar centenas de manifestantes exigindo que os ministros ligados a Ben Ali deixassem o governo.
Os manifestantes, reunidos diante da sede do partido RCD em Túnis, recusaram-se a recuar quando a polícia fez os disparos de trás de uma cerca.

Finbarr O'Reilly /Reuters
Manifestantantes são empurrados por policiais antidistúrbios em Túnis, capital da Tunísia
Manifestantantes são empurrados por policiais antidistúrbios em Túnis, capital da Tunísia
Pela primeira vez desde a queda de Ben Ali na semana passada, houve protestos também em outras cidades da Tunísia.
Os manifestantes na Avenida Mohamed 5º, perto do centro de Túnis, cantavam: "Depois de Ben Ali e de sua mulher, queremos derrubar os ladrões deles!". Eles também queimaram o logo do partido e carregavam faixas com os dizeres: "Fora o governo!"
Um dos manifestantes, que disse se chamar Aymen, disse: "Estamos aqui, não vamos nos mexer até que o RCD caia. Viremos todos os dias o dia inteiro."
Na sede do RCD, que está no governo há décadas, trabalhadores retiravam uma grande placa na fachada do prédio com o nome do partido, disse um jornalista da Reuters.
Um oficial militar cuja unidade guardava o prédio disse à multidão: "Traduzam da forma que quiserem: o RCD está indo embora."
Os manifestantes responderam com um forte aplauso e começaram a abraçar membros das forças de segurança. Não estava claro se o oficial queria dizer que o RCD estava apenas deixando o prédio da sede ou se estava saindo do poder.
FUGA
Ben Ali fugiu para a Arábia Saudita na sexta-feira após semanas de levante violento alimentado pela insatisfação com a pobreza, o desemprego e a repressão. A revolta popular causou impacto em vários governos autocráticos do mundo árabe.
Editoria de Arte / Folhapress/Editoria de Arte / Folhapress
O comitê central da base do poder do RCD, de Ben Ali, foi dissolvido, anunciou a televisão estatal. Ela informou que a decisão foi tomada com a saída do partido de muitos integrantes do comitê, que também eram ministros de governo, sob pressão da oposição. O partido continuará em atividade, segundo a notícia.
Os ministros do governo interino renunciaram ao partido RCD numa tentativa de restaurar a credibilidade depois da saída de quatro ministros da oposição, afirmando que os ministros do partido RCD deveriam sair.
PRISÃO
A polícia deteve ainda 33 membros da família do ditador deposto da Tunísia Zine el Abidine Ben Ali e de sua mulher, Leila Trabelsi, nos últimos dias por diferentes delitos contra o país, informou o canal de TV estatal.
A emissora divulgou dos agentes de polícia levando joias, relógios e cartões de crédito internacionais dos detidos, embora não tenha precisado suas identidades nem as circunstâncias em que foram presos. Os 33 detidos foram postos à disposição judicial, indicou a emissora.
A Justiça tunisiana abriu na quarta-feira um processo contra Ben Ali e vários membros de sua família por "aquisição ilegal de bens móveis e imobiliários, depósitos financeiros ilícitos no exterior e evasão de divisas".
A investigação judicial inclui o ex-ditador, que fugiu para a Arábia Saudita na sexta-feira após um mês de protestos populares pela sua queda, sua mulher, e os irmãos, genros e sobrinhos dela. A imprensa tunisiana afirma que os bens poderão ser desapropriados caso seja comprovada a origem ilegal.
O clã dos Trabelsi é suspeito há anos de apropriação das riquezas, incluindo terras e bens do Estado.

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