A Tunísia prepara um novo governo de transição, integrado por personalidades reconhecidas e gestores, para aplacar os protestos populares, que não param de pedir nas ruas que os ministros do regime anterior saiam do poder, informaram neste domingo fontes próximas às negociações.
O presidente interino do país, Fouad Mebazaa, mantém contatos com várias figuras da época do primeiro chefe de Estado da Tunísia, Habib Bourguiba, para somá-las ao novo Executivo, do qual sairia o atual primeiro-ministro, Mohamed Ghannouchi, e os demais dirigentes do presidente deposto, Zine el Abidine Ben Ali.
Mebazaa, cuja saída da Presidência não é questionada ao obedecer a um imperativo constitucional após o vazio de poder deixado por Ben Ali, negocia com representantes dos setores sociais e políticos do país a criação de um Conselho Constitucional, que se encarregaria de elaborar uma nova Carta Magna.
Um dos nomes especulados para substituir Ghannouchi é o de Ahmed Mesteri, ministro durante o regime de Bourguiba, mas que abandonou o partido no Poder, o Neo Destour, por não concordar com sua política autoritária e fundou o Movimento dos Democrátas Socialistas (MDS). Mesteri se retirou há anos da política, mas goza de um certo prestígio entre a elite do país, apesar do MDS ter se transformado depois em uma das formações de "oposição" utilizadas por Ben Ali para dar aparência democrática a seu mandato.
Enquanto isso, a pressão para que as figuras do poder anterior saiam do governo voltou neste domingo às ruas da Tunísia, onde cerca de mil manifestantes procedentes do interior do país se juntaram aos protestos na capital. Diante do Palácio de Governo cerca de duas mil pessoas, entre elas muitos estudantes, continuaram pedindo a ruptura definitiva com o antigo regime e o aprofundamento das reformas em todas as estruturas do poder.
Apesar do anúncio de que dois ex-ministros de Ben Ali e um de seus amigos à frente de uma televisão privada tinham sido detidos, a maioria dos tunisianos continua sem acreditar na vontade reformadora de um governo no qual os dirigentes do presidente deposto ocupam todos os postos importantes. Embora as manifestações não sejam excessivamente numerosas devido ao cansaço acumulado e ao desejo de voltar à normalidade, os tunisianos debatem sem cessar nas ruas a evolução política.
Vários grupos de pessoas, proibidos anteriormente, continuavam sendo formados neste domingo na popular avenida Habib Bourguiba e em outras ruas da capital para trocar informação e opiniões. Os tunisianos recuperaram a tradição oral africana e se juntam para escutar atentamente as pessoas que ficam no centro de um círculo para relatar os últimos eventos ou realizar um comício político improvisado.
A grande maioria dos cidadãos consultados considera imprescindível a saída dos antigos ministros da ditadura do governo para realizar as reformas que o país necessita. "Não se pode fazer nada novo com o velho", assegura Chadli, um professor de ensino médio para quem "é preciso mudar e colocar gente nova se quiser que o governo tenha alguma credibilidade".
"O povo tem medo que confisquem a revolução", ressalta Jamal, um artista plástico de meia idade, que desconfia que o governo "esteja esperando a primeira oportunidade para voltar atrás". O risco de involução, tanto em nível interno como fomentada pelo o exterior, é partilhado por quase todos.
"Kadafi já disse que apoia Ben Ali e suas milícias podem entrar a qualquer momento para semear o caos", assegura Jafed, um trabalhador do setor da construção em referência ao líder da vizinha Líbia. Mesmo assim, os tunisianos desfrutam da sensação de liberdade recuperada que se respira nas ruas da capital, algo completamente inédito para o país.
Muitos comprovam com assombro como a imprensa particular - muito próxima a Ben Ali e ao anterior partido do poder - publica agora em letras garrafais as manifestações por todo o país pedindo "mais democracia" e destaca as opiniões dos lideres da oposição. Há pouco mais de uma semana e durante décadas, jornais como La Presse e Le Quotidien, da mesma forma que a imprensa pública, raramente concediam um espaço para os opositores e se dedicavam a elogiar cotidianamente as conquistas do partido no poder e do presidente.
"A agência Moody's preferia a ditadura", destacava neste domingo o La Presse em referência ao rebaixamento da qualificação financeira da Tunísia, publicada há poucos dias.
O presidente interino do país, Fouad Mebazaa, mantém contatos com várias figuras da época do primeiro chefe de Estado da Tunísia, Habib Bourguiba, para somá-las ao novo Executivo, do qual sairia o atual primeiro-ministro, Mohamed Ghannouchi, e os demais dirigentes do presidente deposto, Zine el Abidine Ben Ali.
Mebazaa, cuja saída da Presidência não é questionada ao obedecer a um imperativo constitucional após o vazio de poder deixado por Ben Ali, negocia com representantes dos setores sociais e políticos do país a criação de um Conselho Constitucional, que se encarregaria de elaborar uma nova Carta Magna.
Um dos nomes especulados para substituir Ghannouchi é o de Ahmed Mesteri, ministro durante o regime de Bourguiba, mas que abandonou o partido no Poder, o Neo Destour, por não concordar com sua política autoritária e fundou o Movimento dos Democrátas Socialistas (MDS). Mesteri se retirou há anos da política, mas goza de um certo prestígio entre a elite do país, apesar do MDS ter se transformado depois em uma das formações de "oposição" utilizadas por Ben Ali para dar aparência democrática a seu mandato.
Enquanto isso, a pressão para que as figuras do poder anterior saiam do governo voltou neste domingo às ruas da Tunísia, onde cerca de mil manifestantes procedentes do interior do país se juntaram aos protestos na capital. Diante do Palácio de Governo cerca de duas mil pessoas, entre elas muitos estudantes, continuaram pedindo a ruptura definitiva com o antigo regime e o aprofundamento das reformas em todas as estruturas do poder.
Apesar do anúncio de que dois ex-ministros de Ben Ali e um de seus amigos à frente de uma televisão privada tinham sido detidos, a maioria dos tunisianos continua sem acreditar na vontade reformadora de um governo no qual os dirigentes do presidente deposto ocupam todos os postos importantes. Embora as manifestações não sejam excessivamente numerosas devido ao cansaço acumulado e ao desejo de voltar à normalidade, os tunisianos debatem sem cessar nas ruas a evolução política.
Vários grupos de pessoas, proibidos anteriormente, continuavam sendo formados neste domingo na popular avenida Habib Bourguiba e em outras ruas da capital para trocar informação e opiniões. Os tunisianos recuperaram a tradição oral africana e se juntam para escutar atentamente as pessoas que ficam no centro de um círculo para relatar os últimos eventos ou realizar um comício político improvisado.
A grande maioria dos cidadãos consultados considera imprescindível a saída dos antigos ministros da ditadura do governo para realizar as reformas que o país necessita. "Não se pode fazer nada novo com o velho", assegura Chadli, um professor de ensino médio para quem "é preciso mudar e colocar gente nova se quiser que o governo tenha alguma credibilidade".
"O povo tem medo que confisquem a revolução", ressalta Jamal, um artista plástico de meia idade, que desconfia que o governo "esteja esperando a primeira oportunidade para voltar atrás". O risco de involução, tanto em nível interno como fomentada pelo o exterior, é partilhado por quase todos.
"Kadafi já disse que apoia Ben Ali e suas milícias podem entrar a qualquer momento para semear o caos", assegura Jafed, um trabalhador do setor da construção em referência ao líder da vizinha Líbia. Mesmo assim, os tunisianos desfrutam da sensação de liberdade recuperada que se respira nas ruas da capital, algo completamente inédito para o país.
Muitos comprovam com assombro como a imprensa particular - muito próxima a Ben Ali e ao anterior partido do poder - publica agora em letras garrafais as manifestações por todo o país pedindo "mais democracia" e destaca as opiniões dos lideres da oposição. Há pouco mais de uma semana e durante décadas, jornais como La Presse e Le Quotidien, da mesma forma que a imprensa pública, raramente concediam um espaço para os opositores e se dedicavam a elogiar cotidianamente as conquistas do partido no poder e do presidente.
"A agência Moody's preferia a ditadura", destacava neste domingo o La Presse em referência ao rebaixamento da qualificação financeira da Tunísia, publicada há poucos dias.
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