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domingo, 14 de novembro de 2010

Impressões da Tunísia, parte 1,2,3

Impressões da Tunísia, parte I




 
Bom,  teve muita coisa bacana também. A começar pela localização ideal do nosso hotel Maisons de la Mér e Maisons du Jardin, um dos primeiros e maiores resorts turísticos da região (foto acima). Na verdade, trata-se de um condomínio de apartamentos de veraneio com 3 piscinas, uma marina super movimentada onde se pode sair para passeios de catamarã, muitos restaurantes e lojinhas. E claro, a praia fica logo ali com várias atividades aquáticas. O condomínio ocupa uma extensa área e foi ali que passamos toda a semana. Eu tinha planos de fazer algumas excursões mas o calor me desanimou e passamos a maior parte do tempo literalmente dentro d´água: praia ou piscina (fotos abaixo). Sem falar que Liam ficou doente (náusea e diarréia, devido ao excesso de exposição ao sol) e fui obrigada a mudar meus planos.  Enfim, confirmei de uma vez por todas que meu filho definitivamente não nasceu pra temperaturas elevadas...ele é mesmo europeu. Brasil só mesmo nos meses de inverno, verão nem pensar.


Depois de uma semana de temperaturas entre 38 e 42 graus tomei duas decisões importantes: 1. não volto mais a morar no Brasil (não aguento mais tanto calor) 2. viajar no verão para o Norte da África nunca mais (Liam teve diarréia duas vezes, meu filho definitivamente não está acostumado com estas temperaturas). Quero sim voltar com mais calma para a Tunísia e talvez um dia visitar o Egito e o Marrocos, mas no mês de outubro com menos turistas e temperaturas mais amenas, em torno dos 25 graus. Lição aprendida.


Impressões da Tunísia, parte II




Como comentei no post anterior, meus planos de fazer excursões foram por água abaixo por causa do calor excessivo.  E também porque no meu segundo dia na Tunísia cometi um erro que me atrapalhou o resto da viagem...O erro foi ter ido sozinha visitar a Medina de Sousse - pior ainda, com uma criança loura! Uma mulher estrangeira sozinha com uma criança é presa fácil de vendedores agressivos...e o que poderia ter sido uma aventura inesquecível se transformou em um pesadelo. Pra terem uma idéia do prejuízo, em menos de 2 horas gastei o equivalente a 3 dias de comidas, bebidas e passeios de barco...Nunca vi vendedores tão agressivos em toda a minha vida! Talvez porque more há 16 anos na Europa e não esteja mais acostumada com essas coisas...aqui você entra e sai das lojas sem maiores problemas.

Só sei que fui levada a três lojas recomendadas por um dito guia local - o cara me viu chegando desnorteada e veio logo se apresentar, dizendo que trabalhava no hotel onde eu estava hospedada (descobri depois que era um dos truques mais comuns por lá, uma tourist trap daquelas que a gente cai uma vez na vida pra nunca mais). Pois o cara me levou pra ver umas lojas, que disse serem barateiras e fiscalizadas pelo governo tunisiano...Logo na primeira após muita insistência do vendedor comprei três anéis de prata (dois com turquesa) por um precinho especial segundo eles..mas que provavelmente compraria pelo mesmo preço ou mais barato aqui! Eles mostram, insistem, praticamente não deixam você sair da loja sem comprar alguma coisa. Pedem gentilmente para sentar, oferecem água ou outra bebida gelada por conta da casa. Te chamam de madame e por ai vai. Na segunda loja, conseguiram convencer meu filho a comprar uma chuteira de futebol por 100 euros (que eu poderia comprar por muito menos aqui, acabei de ver numa liquidação que com este dinheiro eu compraria ao menos 2 chuteiras Nike aqui mas agora não adianta chorar o leite derramado, né?). Enfim, o menino caiu na estória deles e me encheu tanto que tive de levar a mercadoria. Golpe sujo e muito comum também. Enfim, vivendo e aprendendo!

Quanto à Medina propriamente dita, ela é uma das construções mais antigas encontradas em várias cidades do Norte da África, fazendo parte de qualquer roteiro turístico pra quem vai à Tunísia, Marrocos ou Algéria. A medina consiste de uma muralha (espécie de fortaleza) que protege a entrada da cidade. É a parte mais antiga da cidade, com várias ruelas estreitas e muitas lojinhas (me lembrou muito o famoso comércio do Sahara no Rio), uma espécie de labirinto porque depois que você entra é difícil sair - eu que o diga! Entre todo o tipo de mercadoria disponível, Liam viu uns camaleões e aproveitou pra tirar umas fotos legais. No dia anterior havíamos tirado fotos na marina com um belíssimo falcão (que ele aliás desenha muito bem). Ele também descobriu no café Jasmin, às beiras da marina, periquitos em gaiolas típicas do país e voltava sempre pra visitar os bichos (foto acima). E já que o assunto é bicho...Liam ficou muito chateado porque não viu sequer um golfinho!!! Fizemos duas vezes o passeio de 2 horas de catamarã e nada (o passeio em si é muito agradável, principalmente no horário que fizemos, de 16hs às 18hs). Disse a ele que golfinho ele vai ver mesmo é no Brasil...eu mesma já vi várias vezes na Baía de Guanabara quando pegava a barca pra ir à Paquetá, não sei se ainda é assim mas era na minha época.

Quem lê isso aqui deve achar que odiei a viagem...não é verdade, mas teria curtido muito mais se não fosse o assalto na Medina (me senti literalmente roubada) e o calor extremo ao qual não estou mais acostumada. Enfim, daquelas experiências típicas de marinheiro de primeira viagem visitando país no norte da África. Da próxima vez já saberei como agir e não pago mais mico, rsrsrsrs.

Impressões da Tunísia, parte III


Mais uma coisa que me chamou a atenção nesta primeira visita à Tunísia foram as crianças. A começar porque elas lembram demais as crianças brasileiras...principalmente ao vê-las brincando na piscina. Me explico melhor, as crianças holandesas geralmente não vão logo chegando pra brincar com uma criança, mas as da Tunísia (como as crianças brasileiras) sim! Ou seja, aqui em Amsterdã Liam geralmente entra e sai da piscina (ou dos parquinhos) sozinho...Já na Tunísia, apesar de não falarem a mesma língua - as crianças lá falam árabe e aprendem francês na escola - ele se divertiu muito com a criançada! Jogaram bola na piscina, mergulharam e nadaram muito. E quando a coisa ficava complicada e ele tinha de explicar algo, ele me chamava aos gritos pra traduzir em francês pras crianças antes de eles continuarem a brincadeira...As vantagens de ter uma mãe poliglota, hehehe.

Na parte do hotel onde ficamos só tinha famílias árabes então pude conviver um pouco com os locais (só vi turistas holandeses esporadicamente). Depois fiquei sabendo o porquê, é que o hotel é na verdade um condomínio de apartamentos, e muitos são de propriedade de tunísios ricos que alugam durante o verão pra gente da Tunísia e também Algéria e Líbia. Enfim, na parte que fiquei do condomínio só ouvi árabe o tempo todo, intercalado com algumas frases em francês (ao menos francês eu entendo muito bem, deu até pra praticar um pouco a língua). Pensando bem, achei melhor assim. Odeio essas viagens em que as pessoas ficam só entre elas mesmas e estava com medo de ficar cercada de holandeses no hotel...já basta morar na Holanda, não que eu não goste do povo daqui mas nas férias, por favor!

Falei em francês com muitas mulheres muçulmanas, elas foram sempre muito simpáticas comigo e respondiam prontamente minhas perguntas. Por falar em mulheres, outra coisa que me chamou a atenção é que a grande maioria das muçulmanas que vi por lá não usavam véus!!! Isso me deixou impressionada porque aqui em Amsterdã você vê mulheres com véus praticamente o tempo todo (a começar pelas minhas ex-alunas marroquinas e turcas). Uma amiga que esteve em Istanbul falou que lá também quase não se vê mulheres com véu! São jovens que estudam e trabalham na cidade, as mulheres de véu (mais tradicionais) moram em regiões remotas como nas montanhas, por ex. E foram justamente essas mulheres que emigraram em massa com seus maridos para a Holanda nos anos 70. Como consequência, os imigrantes marroquinos daqui são mais tradicionais do que os que moram no Marrocos! Já ouvi isso várias vezes e vale não apenas para os marroquinos como para vários grupos de imigrantes que moram nas capitais européias.

Depois volto com mais estórias pra contar, ainda estou assimilando a semana...
   






PS. Agora fala sério, quem vai à Tunísia pra comprar chuteira de futebol? Meu namorado quase morreu quando eu contei pra ele o que tinha acontecido...se ele tivesse ido comigo eu teria economizado uma grana enorme porque como bom turista holandês, não teria comprado NADA.

II       

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