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terça-feira, 2 de novembro de 2010

TUNISIA PELO VIAJANTE 2


T U N I S I A

Ora cá está: Foto tirada numa bomba de gasolina, quando do abastecimento do nosso veículo.
Podem ver o transporte de um camelo. E mais ao fundo está uma carrinha com a bagageira aberta. Junto ao homem estão vasilhas de plástico. Estão junto a uma torneira onde ele foi abastecer água potável para levar para casa.
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A viagem correu bem, embora bastante cansativa.
O calor apertava (50º no deserto) e nem o ar condicionado no transporte impedia que fossem usados outros meios de “refrescamento”. Tive a preciosa ajuda do meu leque que muito abanicou.
Não sou uma turista vulgar, daquelas que apenas vai para passar uns dias de férias numa qualquer praia , ficando sempre por ali à torreira do sol.
Gosto de meter o nariz em tudo, de ter uma concepção mais vasta dos locais por onde passo.
Por isso já sabia ao que ia: Um circuito pelas principais zonas ao longo do país.
A Tunísia é um país muito diversificado, de grandes diferenças, quer paisagistas quer culturais.
No Norte, de clima mais ameno no Verão e fresco no Inverno, há as grandes culturas. Por momentos temos a ilusão de não estarmos em África. Abundam as vinhas, campos de tomate , melancias e meloas, amendoeiras e sobretudo extensos km de olivais.
À medida que vamos para sul o terreno vai sendo cada vez mais árido, até que chegamos ao deserto. Então, a sobrevivência daquelas gentes passa pelas tamareiras e pela fruta de um cacto que eles utilizam não só para fazer a divisão dos terrenos mas também para colher a fruta e fins medicinais . É também a zona dos grandes rebanhos.
As cidades são extremamente diferentes entre si e distam umas das outras, em alguns casos, centenas de km.
TUNES: a capital, surpreendeu-me.
Eu bem sei que África é mesmo assim, mas não deixa de ser um choque para quem está habituado à vida num país ocidentalizado.
Apesar de ter muitos restos da época em que foi governada pelos Franceses, são evidentes as dificuldades com que as pessoas se debatem. Isso reflecte-se nas casas de habitação. Elas vão sendo feitas à medida que há dinheiro e acabam por nunca estarem acabadas. Podemos ver ainda os ferros dos alicerces a nível do último andar e raramente estão pintadas. É uma cidade triste, com uma profunda confusão de trânsito. É um caos. Muitas pessoas fazem das carroças puxadas a animais o seu meio de transporte. Nelas transportam de tudo um pouco, desde pessoas a ferro para obras, passando por fardos de palha para os animais ou transporte de bens comestíveis. Isto contrasta com as imensas camionetas cheias de turistas, os táxis amarelos a furarem por tudo quanto é sítio.
A única maneira de ali vencer o trânsito é: pé no pedal, mão na buzina e sempre em frente que atrás vem gente!
Aqui começou a minha aventura neste país.
E lá fui à descoberta de outras cidades, estradas, montanhas e deserto.
Passei por Hammamet, Sousse, Monastir, Kairouan, El Jem, Sfax, Gabes, Matmata, Kebili, atravessei o lago salgado Chott El Jerid, cheguei a Tozeur. Passei por Gafsa e Kasserine, acabando por aterrar em Monastir para finalmente descansar na praia.
Adorei a diversidade do que vi.
Vi de tudo um pouco. Desde o vermelho e quente pôr do sol no deserto, ao nascer do sol às 6 da manhã na praia. (nunca imaginei esta cena comigo, mas o calor era tanto que havia que apanhar o fresquinho da manhã).
Gostei do imprevisto (para mim….)de o jipe ter de parar para suas excelências os camelos atravessarem a estrada. Afinal eles estavam no seu habitat . Os intrusos éramos nós.
No final destes dias perguntei ao guia quantos quilómetros andamos.
Respondeu: 2.200 Km!
Foi mesmo uma estafa !
Valeu a pena!
E aprendi muito com aquelas pessoas.
Têm bom conceito dos Portugueses.
Assim que dizemos donde viemos, há um sorriso nos lábios deles e 2 nomes saltam à conversa: Figo e Ronaldo!
À medida que vamos para sul, tudo é mais de extremos.
Os hábitos religiosos são mais profundos. As mulheres andam mais tapadas (isto também para superarem as temperaturas altíssimas a que estão sujeitas nesta época do ano).
As suas convicções religiosas não permitem que elas se mostrem aos outros homens.
(apesar de os Muçulmanos poderem ter até 3 mulheres, o guia disse que isso geralmente é um mito. Raramente acontece pois os homens não têm possibilidades monetárias para o sustento de tanta família).
(Outra coisa que nos disse é que, apesar da religiosidade deles, o Estado permite e apoia a prostituição. Tudo está de tal modo organizado que, nas cidades, há uma casa dessas em cada quarteirão. Elas usufruem de um bom sistema de saúde. Não são um perigo para a saúde dos homens.)
Mas…
Temos de saber até onde ir e o que fazer sem colidir com a sua mentalidade tão fechada. Não lhes podemos tirar fotografias a torto e a direito.
Elas desviam ou tapam mesmo a cara para não ficarem visíveis na foto. Contudo, principalmente nas zonas mais pobres e se lhes pedirmos, elas autorizam, a troco de 1 dinar.
Aliás é vulgar, ( nas lojas de rua ou nas medinas), informarem que fotos só a troco de dinheiro. Isto demonstra as dificuldades das pessoas.
Nada se pode comprar sem ser regateado.
Nada tem preço visível. Tudo depende da cara do cliente e da maneira como este se apresenta vestido.
Eu pensava que apenas em Marrocos fossem usuais as trocas de mercadoria. Aqui também. Se alguém tiver algo a que eles não tenham acesso, coisas ocidentais, eles trocam por artigos que tenham à venda. Aconteceu que uma pessoa do grupo disse não ter já dinheiro e quando essa pessoa ao abrir a mala deixou ver daquelas embalagens de gel de banho e shampô que o hotel dá, o vendedor trocou 4 dessas embalagens por um prato de latão gravado, uma máscara da Tunísia e uma pulseira. Mas é vulgar a pessoa comprar um colar e eles darem os brincos ou a pulseira a condizer.
Fazem-se boas compras. As coisas são baratas.
Malas de pele de camelo, casacos de pele de cordeiro, tapetes de lã ou mesmo de pele de borrego, especiarias, chás e artesanato são os preferidos.
Mas há que estar preparado. Aqui no aeroporto vai muita gente à alfândega. A mim perguntaram-me se eu trazia tapetes. Disse que não!....... Esqueceram-se de perguntar pelas malas e casacos. O que dizia eu?
Quanto à comida: Não tenho razão de queixa. Saí daqui com tudo pago .Os hotéis eram bastante bons e havia higiene. Todos tinham piscina e nas zonas de praias tinham-nas privativas e segurança privada no areal.
Nunca sentimos a mais pequena insegurança, fosse onde fosse.
Nunca vi baratas nos quartos (como muitos dizem).
Como a água da rede pública não tem qualidade, bebi sempre água engarrafada.(Este é mesmo o cuidado nº 1 para evitar distúrbios intestinais). Por isso fugi de saladas e algo que não fosse cozinhado. Nos percursos de carro nunca comi nada naquelas bancas de rua.
Mas uma coisa vos digo: BORREGO……..durante muito tempo não o vou comer!
Entra em todas as refeições!....
A princípio, e por ser novidade vamos comendo. Depois, ao fim de 2 refeições apercebemo-nos que o peixe quase não aparece e o que há não é dos que faça parte dos nossos hábitos( anchovas e arenque…)….. e as carnes continuam….
Depois, no sul, faz mesmo parte integrante da dieta daquela gente….
É tarde demais!.......pouco mais há para variar e o enjoo à comida está instalado!
Por isso……..estão avisados: resistam-lhe enquanto é tempo, pois há-de chegar uma altura em que são mesmo obrigadas a comê-lo.
Lol lol
Muito disse.
Muito mais havia que contar.
Vou fazer uma selecção das muitas fotos que tirei e dentro em breve colocarei aqui algumas.

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