No meu deserto - dia 2
Foi mesmo verdade. Às 4h em ponto ligaram para o quarto. Time to go!
Depois de um pequeno-almoço ligeiro, dada hora demasiado prematura e ainda noite, o confronto com o já habitual calor e os nossos meios de transporte para esta primeira fase do dia. Uns confortáveis 4x4...
Depois de um pequeno-almoço ligeiro, dada hora demasiado prematura e ainda noite, o confronto com o já habitual calor e os nossos meios de transporte para esta primeira fase do dia. Uns confortáveis 4x4...
Reunidos os grupos para cada veículo, de novo o deserto. Mas antes as pequenas povoações que àquela hora já andavam na rua, já compravam pão, já estavam sentadas no café, já viviam, quando todos nós sonhavamos ainda com uma caminha fresquinha.
A viagem decorre naturalmente. Primeira paragem. No deserto. Noite ainda. Nada a ver...mas eis que...
O Sol começa a nascer. Foi por isso que parámos, foi por isso que acordámos tão cedo. Para termos o timing perfeito. E abençoado guia que nos fez saltar da cama ainda noite assistirmos a um fenómeno único: o nascer do Sol, em pleno deserto do Sahara. Magnífico!!! Sem palavras. Uma agradável surpresa. Ninguém conseguia tirar os olhos do astro rei. Da sua força, do seu calor, da sua cor e da rapidez com que apareceu. Escusado será dizer que, assim que apareceu, a temperatura subiu uns 20 graus. 5h30 da manhã e um sol como nem os melhores dias de Verão nos oferecem neste nosso cantinho à beira mar plantado.
Hora de prosseguir a viagem, agora já dia, com o sol como companheiro. Destino: TAMERZA, CHEBIKA, onde se situam as maiores montanhas de deserto da Tunísia, montanhas essas que atravessam todo o deserto, passando por Marrocos, Argélia e Tunísia.
Hora de uma bela caminhada por entre os trilhos das montanhas, por onde ainda se encontram vestígios de casas antigas, desfiladeiros e paisagens de cortar a respiração. Ao fundo, uma das duas famosas cascatas da zona. Estamos a esta altura, a 16Km da fronteira com a Argélia.
Uns quilómetros mais à frente, desta vez a 4km da fronteira com a Argélia, nova paragem, nova cascata, novas montanhas.
Uma imensidão que nos faz querer abrir os braços e gritar com todas as nossas forças...(não fosse o facto de o relógio não marcar ainda nem 7h da manhã e certamente tal teria acontecido).
Agora, de volta ao autocarro e por esse deserto fora, rumo a um dos maiores oásis do Norte de África. A paisagem não muda: areia e rocha, areia e rocha.
Eis-nos chegados ao nosso destino, uma pequena povoação da qual não me recordo o nome, onde nos espera uma visita ao oásis, numa espécie de "carroça", puxada por um lindo cavalo.
Foto retirada da internet
Ali pudemos ver plantações de tudo e aprender um pouco mais sobre este país. Houve até tempo para ver um senhor local, de 65 anos, a trepar uma palmeira, enquanto proferiu o seu já característico "grito de guerra": uh uh.
A próxima paragem será para almoçar...às 11h30m (maravilhas de quem toma o pequeno-almoço às 4h20m). Desta vez fomos surpreendidos com um verdadeiro almoço, totalmente ocidentalizado, num hotel 5*****, às "portas de saída" do sul tunisino, ou seja, do deserto.
A última paragem será em KAIROUAN, no interior da Tunísia, a 4ª cidade santa do mundo Islâmico, onde iremos visitar a mesquita.
Aqui sim encontrámos um calor insuportável. No deserto, o calor, embora imenso, é muito mais suportável e é até muito raro alguém transpirar. Aqui, no interior, era o calor mesmo calor, o calor que queima a pele, que incomoda, que derrete.
Mais uma vez um ambiente impressionante. Por ser 6ªf, era dia santo, ou seja, o dia em que todos se deslocam à Mesquita da sua terra para rezarem, sempre em determinadas horas. O momento da nossa visita (exterior apenas, por ser dia santo) coincidiu com um dos períodos de reza. E é no mínimo estranho passear por aquelas ruas e de repente ouvir aquelas espécies de cantos expelidas pelos altifalantes que circundam a Mesquita e que chamam o povo para a oração. E depois é vê-los "vestidos a rigor" a encaminharem-se para o interior da Mesquita, homens por uma porta, mulheres por outra, sem nunca se verem, se nunca se olharem, deixam os sapatinhos à porta e sentam-se no chão, iniciando as suas orações. Tanta devoção, impressiona.
Foto retirada da internet
Em 45minutos estaremos de regresso aos nossos hotéis. Exaustos. Mas satisfeitos e com a sensação de que todo o esforço, todo o calor, todos os Km (mais de 1000, segundo o guia) foi recompensado a cada olhar, a cada fotografia, a cada experiência e a cada memória que guardamos bem cá dentro.
À chegada aos hóteis, hora das despedidas. Bateu uma saudadezinha instantânea daqueles momentos, de todas as "aventuras" que partilhámos. Era, de facto, um excelente grupo. Amistoso, divertido, simpático, conversador, brincalhão (só assim as eternas horas de viagem no autocarro poderiam ser animadas). Ficaram contactos, laços. Partilha. Foi comum passear nos dias seguintes pela Medina da zona e ouvir "Oláaa amigo português!", ou encontrar "os vizinhos do lado do autocarro" numa loja e ficar à conversa com eles. A componente humana valorizou ainda mais esta já por si magnífica excursão.
Nos dias seguintes, as conversas giram em torno da viagem. Quem foi quer contar tudo o que viu e não encontra palavras. Quem não foi quer saber o que perdeu e fica com vontade de ir. Eu recomendo vivamente. Cansativo? É, e muito! Mas tudo é esquecido perante tamanha beleza. É um mundo de contrastes, é a diferença, e é isso que nos marca, o diferente de nós, o que nos põe a pensar em tudo o que temos ao pé daquelas gentes, o que nos faz dizer "Uau!" perante tanta beleza, tanta imensidão, tanta quase-perfeição.
Estou, oficialmente, rendida ao deserto, ao vazio. Àquele nada, que é tanto, que é tudo!
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